quarta-feira, 2 de março de 2016

A NADA MOLE VIDA DO CORREDOR

A história começa com uma tímida decisão de entrar no mundo da prática da corrida de rua. O início não foi fácil. Vencer a respiração ofegante; ativar movimentos que antes não eram tão fortemente exigidos; aguentar as dores musculares; controlar a ansiedade, pois rapidamente se entende que correr não é simplesmente colocar um tênis e sair mexendo as pernas por aí; organizar postura; aceitar que a evolução sempre será diretamente proporcional à dedicação; que cada um possui o próprio ritmo, etc. Com o passar do tempo você descobre que o bem-estar trazido pela repetição da prática vai contaminando a mente e o corpo. A autoestima aumenta, o corpo vai ganhando contornos mais bonitos, os músculos são tonificados, o bom humor se torna mais presente, o raciocínio e a memória são estimulados e os pulmões agradecem, pois ganham na ampliação da capacidade de funcionamento. E a partir desse movimento a louca harmonia entre as dores e as alegrias da atividade da corrida já se torna realidade.

Os treinos vão melhorando a performance. A vontade de correr ganha espaço nos finais de semana e longões convocam o sábado na madrugada, e num desses, um e mais um... corredores e corredoras vão se juntando, idades diversas, experientes e nem tanto, mas cúmplices de uma prova a céu aberto. Mal o rei sol se apresenta no rasgar do dia, o grupo começa o desafio, jogando mente e corpo a cada quilômetro percorrido. A cidade do Recife ganha outros contornos, com olhos mais próximos, e à medida que as paisagens vão se alterando, reações fisiológicas e hormonais atingem os desafiantes. O foco na meta do quilômetro derradeiro, a partir de certo momento, passa a ter as dores, cansaço e/ou esgotamento seguidos pelas liberações de serotonina e endorfina...risos e choros podem ser percebidos ou algum comportamento estonteante de alegria, como, por exemplo, não resistir a cair nos braços do mar...saciada a vontade, volta-se ao asfalto, com um riso salgado, corpo e mente refrescados. Ter a consciência de que a corrida deve ser antes de qualquer coisa uma atividade prazerosa é condição necessária para sua evolução saudável.

A divisão de cena com o mergulho no mar ocorreu num trecho do          bairro de Brasília Teimosa, vizinho a Boa Viagem e ao Pina, na praia   de Buraco da Veia, apelidada assim porque à época morava nas               palafitas uma velha que, por não se conformar com a construção de um muro pelo Iate Clube que impedia o acesso à areia, abriu-lhe um buraco. Bem!! Confusão para lá...confusão para cá...o tal muro foi derrubado e a praia de águas calmas, contornadas por pedras, recebeu o nome da situação.

Daí, eis que se aproxima o atingimento da meta! Nesse momento, corpo e mente se fundem numa força sobrenatural, com adrenalina bombardeando e agitando o caldeirão do cansaço, suor, serotonina, endorfina. Concluí a prova...venci-me em mais um desafio...e como uma onda de boas energias conectadas, corredores e corredoras, conhecidos ou não, absorvem-se de uma emoção que para muitos estará presente por corridas e corridas a fio!!!! 





Nenhum comentário:

Postar um comentário