quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Tropeços do breve




Caminho nas entonações e simbolizo as pausas forçadas e as acidentais. O meu mundo é o exercício desafiante do comunicar. Não é uma tarefa fácil e com frequência atraio controvérsia! Às vezes, tenho que separar, isolar, suprimir, modificar significados e até chamar atenção, sem delongas, mas com uma brevidade que faça sentido, afinal no embaralhado de palavras, contorno sentimentos, ideias e pensamentos.
Quando convocada, tenho que conhecer e entender o conteúdo, pois me responsabilizo por dar fluência ao que se escreve. Divirto-me nas alegrias, choro nas tristezas e me aborreço nas situações equivocadas. Ser Pausa é compreender o relutar, nas curtas durações!
Entretanto, há momentos em que assumo descontroles e sigo patinando nas palavras sem encontrar encaixe, e em outros, faço-me repetidamente presente, picotando sentidos, cansando o desnecessário. Ser pausa nem sempre se traduz simples, apesar das curtas durações!
E talvez por ser assim, a criadora gramática dos homens me tenha desenhado com essa pequena, mas contorcida forma, para passear nos textos discretamente, entretanto sem esquecer a delícia e a dor de um sinal gráfico bem decidido na composição de imaginações, sonhos, ações, reações, opções, poesias, discursos, músicas, questionamentos, em fim de vírgulas para sempre durar.

3 comentários:

  1. Em uma de minhas breves incursões no mundo literário virtual, um título despretensioso me chamou atenção: lá estava uma vírgula gigante a mostrar-se...parei! instigou-me! ...li... e para minha surpresa o texto era, porque não dizer, uma inesperada prosopopéia......Nele a autora,em sua distraída intenção, personifica de maneira indelével, um dos símbolos mais utilizados no exercício da escrita.O texto confere ao leitor uma visão poética, apesar da concretude do símbolo pessoalizado. Leitura inteligente, interessante e instigante!
    Maria Eduarda

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    1. Nossa! Um conteúdo de elogio tão estimulante...muitíssimo obrigada, Maria Eduarda.

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  2. De nada, Adriane. A cada página, uma virgula. Uma história de amor sem fim. Para que ponto final... não é mesmo?
    Maria Eduarda

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